Sérvios serão os adversários do Brasil na última rodada da primeira fase da Copa do Mundo
A primeira fase da Copa do Mundo chega ao final. Após o empate com a Suíça e a sofrida vitória sobre a Costa Rica, o Brasil desembarca em Moscou para enfrentar a Sérvia. Então, como você já sabe, cá estamos para falar sobre algumas curiosidades jurídicas do país que medirá forças com a Seleção Brasileira.
A seleção dos sérvios, que já foi a Iugoslávia, chega a sua terceira Copa do Mundo desde que passou a ser uma nação independente. Para o delírio e apreensão dos mais de 10 milhões de habitantes, a equipe chega para o duelo na disputa por uma vaga nas oitavas de final.
Saindo da esfera futebolística, se algum brasileiro quiser conhecer a Sérvia, não precisa se preocupar com o visto de turismo. Isso porque a necessidade de apresentação do documento foi abolida em setembro de 2013.
Precisamos ficar atentos, porém, quanto à legislação do país. De acordo com a lei local, assim como no Brasil, a “Lei Seca” é rígida. Níveis de álcool no sangue superiores a 0.05% podem gerar multa. É comum que a Polícia de Trânsito use o bafômetro para testar o grau de “felicidade” dos motoristas.
Nada de diferente até aqui? Acalme-se.
O país, de alfabeto cirílico – o mesmo usado na Rússia, diga-se de passagem -, não permite que alguns prédios sejam fotografados. Na capital Belgrado é ilegal fazer um registro dos prédios do Ministério da Defesa e do Ministério do Interior. Да ли смо схватили?
Diversidade sexual no país
A Sérvia, como parte integrante da Iugoslávia – falaremos sobre isso mais abaixo -, passou por aprovações e reprovações ao longo de sua história em relação à diversidade sexual.
Após muitas reviravoltas, em 1994 a Iugoslávia descriminalizou a homossexualidade e estabeleceu a idade de consentimento em 18 anos. Para heterosexuais a idade era 14. Somente em 2006 o Estado único de Sérvia e Montenegro igualou a idade de consentimento para 14 anos em ambos os casos.
A resistência porém, ainda existia.
A então nova Constituição possuía um artigo, o 62, que definiu o casamento somente entre homens e mulheres. Mesmo assim, o século XXI foi marcado por diversas leis aprovadas que protegiam a diversidade sexual.
Em 2005, por exemplo, a nova lei trabalhista proibiu a discriminação por orientação sexual no emprego. Quatro anos depois, o Parlamento aprovou uma lei antidiscriminação que garante a igualdade de direitos em todas as áreas. E em 2011, também foi aprovada a lei de segurança social, que cobre as operações de mudança de sexo pelo setor público.
Apesar disso, o assédio e a marginalização ainda são casos presenciados na Sérvia, que parece se movimentar contra esses atos. Por questões de segurança, o Governo sérvio cancelou as “paradas de orgulho gay” dos anos 2011, 2012 e 2013.
Em 2017, o país nomeou Ana Brnabic, de 41 anos, ao cobiçado cargo de primeira-ministra. Assim, ela tornou-se a primeira premiê mulher e a primeira assumidamente homossexual. Apesar de uma decisão histórica, Brnabic declarou não querer “ser rotulada como a ministra gay” e que tudo o que quer é “fazer meu trabalho o melhor que puder”.
A independência da Sérvia e as consequências no futebol
Até 1999, a Sérvia integrava a Iugoslávia, país que surgiu como reino após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, e se tornou uma república socialista após a Segunda Guerra, em 1946. Existiu durante a maior parte do século XX, na região dos Bálcãs.
Além da Sérvia, outras repúblicas socialistas compunham o país: Bósnia-Herzegovina, Croácia, Macedônia, Montenegro e Eslovênia. O território sérvio, inclusive, contava com duas províncias socialistas autônomas: Vojvodina e Kosovo.
Como Iugoslávia, a Sérvia possuía uma seleção de futebol de respeito. Disputou nove Mundiais e chegou a duas semifinais. Além de dois vices da Eurocopa.
Na década de 1980, após uma crise econômica e política, o nacionalismo começou a insurgir na Iugoslávia desencadeando uma série de conflitos que culminariam com a desintegração do país, iniciada em 1991. Croácia e Eslovênia foram as primeiras a se tornarem independentes.
Com as independências de Macedônia e Bósnia, em 1992, restaram apenas as repúblicas da Sérvia e de Montenegro, sob o nome de República Federal da Iugoslávia. Em 2003, os dois fundaram o Estado de Sérvia e Montenegro e o nome Iugoslávia sumiu do mapa.
Esse conjunto formado pelos dois durou apenas três anos, já que em 2006 Montenegro declarou-se independente e os países passaram a existir separadamente: República da Sérvia e República de Montenegro.
É curioso, porém, que ambos participaram da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, como uma só seleção: Sérvia e Montenegro, pois a separação deles só ocorreu após o país já estar classificado para o Mundial.
Assim, desde 2006 a Sérvia passou a existir como uma única república e, de quebra, herdou as campanhas da Iugoslávia no futebol, já que a FIFA a reconhece como a única sucessora do antigo país.
Em 2010, disputou sua primeira Copa como nação independente e, desde então, nunca mais ficou de fora.
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